terça-feira, 23 de agosto de 2011

Nós e a política...


É muito claro para todos que a economia brasileira se consolidou no cenário internacional, se desenvolveu e adquiriu credibilidade nos últimos 15 anos. Juntando a tudo isso ou como consequência disso houve o aumento do consumo e parte considerável da população migrou da pobreza para as classes médias. Você mesmo, meu caro leitor, talvez tenha adquirido bens que ainda não possuía tais como carro, geladeira, micro-ondas, eletro-eletrônicos, etc...

O interessante é que no caso do carro, por exemplo, as melhores condições para o consumo não refletiram em melhorias nas condições de uso do veículo. Serei mais claro: as ruas estão cada vez mais esburacadas (algumas são intransponíveis e nem estamos em época de chuvas frequentes), a gasolina atingiu preços recordes esse ano (em Sete Lagoas, chegou a mais de R$ 3,00 o litro), o IPVA e todas as outras taxas relativas a veículos não diminuíram um centavo sequer e a receita do governo continua a bater recordes. O fato é: o governo tem cada vez mais dinheiro, mas é cada vez mais ineficiente em aplicar esse dinheiro para a melhoria das nossas vidas.

Mas vamos ser honestos com a gente, muitas vezes (ou quase sempre) nos preocupamos apenas com nosso umbigo. Um exemplo? Logo que conseguimos comprar o carro, nos importa pouco se as ruas estão esburacadas, o máximo que fazemos é reclamar por alto, citar o nome do prefeito, até tentamos citar o nome de um ou outro vereador mas essa tarefa é mais complicada: quem disse que lembramos dos últimos vereadores em quem votamos? Meus caros, o que vou dizer aqui se aplica a grande maioria da população: quando agente vota, A GENTE NÃO TEM COMPROMISSO. Se nos esquecemos até o nome dos vereadores e deputados como poderemos cobrar deles, exigir nossos direitos, protestar e fazer valer nossa voz? É como se você comprasse um produto defeituoso em uma loja e se esquecesse o nome dela. Nesse caso, duvido muito que você iria se esquecer, dói DIRETAMENTE no seu bolso e a melhor forma de mobilizar o brasileiro é mexer no bolso. Diga-se de passagem os protestos da alta de combustíveis que aconteceram há poucos meses por todo o país...

Bem, o caso da urna, da alienação política, também mexe com o seu bolso - com o nosso bolso - pena que a maioria não vê isso de uma forma tão direta assim. Você já pensou quanto recebe um vereador, o prefeito, os deputados? Já pensou que o dinheiro que os paga sai do bolso de cada cidadão, inclusive do seu? Um vereador em Sete Lagoas recebe aproximadamente R$ 6.300,00 (seis mil e trezentos reais) e tem apenas uma obrigação: ir à Câmara as terças-feiras, onde fica de duas até as seis da tarde (eventualmente o horário pode se estender até as sete da noite). E o que os vereadores tem feito nesse “enorme tempo de trabalho”? Nomeado ruas, discutido o aumento salarial deles mesmos e propondo aumentos na conta de água do SAAE. Se pelo menos eles lesgilassem sobre questões que melhorassem nossas vidas... Eu poderia aqui citar outros exemplos, falar do prefeito ou comentar as esferas estadual e federal, mas não quero alongar demais e o resumo de tudo é o seguinte: o governo cobra muito caro e pouco nos oferece, o governo está pesado demais nas nossas costas...

De toda forma, é importante ressaltar algumas posições. O primeiro ponto é a juventude de nossa Constituição e democracia: nós só voltamos a participar ativamente do processo eleitoral no ínicio da década de 90. O segundo fato é que a maturidade política está aumentando: o brasileiro de hoje pensa mais para votar e houve uma redução gigantesca da eleição de candidatos que compram votos. Mas insisto, o que mobiliza o brasileiro é a distorção política que gera a fadiga natural dos processos mal administrados: escândalos políticos, problemas graves de segurança pública, alta de preços de alimentos e combustíveis, hospitais que não cuidam da população, sucateamento da educação, os pesados impostos, etc...

Concluindo, não precisamos de populismo nem desse modelo de estado sanguessuga, precisamos de políticas públicas eficientes e propostas para melhorar a vida de todos. Precisamos de líderes que esqueçam um pouco o seu umbigo para pensar a frente, que abandonem a mesquinhez partidária e que pautem suas atitudes não para sua própria glorificação, mas voltados para sanar as necessidades que nós, como comunidade, temos. Porque o líder populista pensa na próxima eleição, o líder político, pensa no futuro.