terça-feira, 10 de julho de 2012


Mais do mesmo...

As eleições se aproximam e com elas muitas outras questões também aparecem: as alianças se formam,  os interesses colidem e os candidatos já afoitos vão à caça de votos, inundando a população com santinhos, músicas eleitorais, cartazes e promessas.  O interessante é que o tempo passa e as propostas são sempre tratadas com inferioridade em relação a imagem e ao fato das peças já serem conhecidas.  “Mais do mesmo”.
                
A propósito, “mais do mesmo” é o que vemos nesse quadro político cheio de figurinhas repetidas, de desafetos que passam a se amar e de idas e vindas, onde o que o menos interessa é uma coisa que já há algum tempo esquecemos: ideologia. Esse quadro polítco que me refiro aqui se relaciona a várias combinações de tempo e espaço que podem parecer coincidência: Sete Lagoas – 2013, Sete Lagoas – Minas – 2014, Sete Lagoas – Minas – Brasil, 2014... Dentro disso, um partido – o PSDB – é um ponto chave nessas eleições municipais mesmo desistindo da tentativa de reeleição do prefeito Maroca. Primeiro, pelo racha das lideranças do Município com a cúpula do partido após a convenção do PP, onde o secretário de governo e o vice-governador estavam presentes e até esses criticaram a atual administração em seu quintal. Mas, por que pessoas tão fortes dentro do PSDB estadual vieram a essa convenção? Por que o PSDB estadual está tão interessado em manter o controle político mesmo que isso exija a ruptura com os coligados de Sete Lagoas?

A resposta está em 2014 no que virá para Minas e para o Brasil, nesse ano que também será eleitoral. A resposta está na importância de se ter um palanque forte aqui onde candidatos a presidência e ao governo do estado possam ter apoio e trânsito livre: estamos falando de uma das maiores economias e de uma das cidades mais populosas do estado e estamos falando também do senador Aécio que já está com seus olhos voltados para 2014. Ah... o palanque! Eis a casa primeira do político. Caro leitor, são projetos pessoais e de um grupo que para se manter no poder ou alçar vôos maiores não se preocuparão com detalhes ideológicos: o que interessa para essa turma é estar no poder, o restante...

O poder pelo poder explica muitas coisas. Começo pelo ponto em que alianças se formam desprezando convicções ideológicas: partidos com histórias antagônicas se aliam, direita dança com esquerda, esquerda vira centro e o barco continua tocando seu rumo. O que dizer de PSDB se aliando com PPS? DEM com PTB? PMDB com PSOL? PP com PDT? Mas, aquela mesma convenção do PP nos revela mais coisas...Algumas figurinhas repetidas estão agora juntas, engraçado que nem sempre foi assim, mas em época eleitoral tudo é válido: alia-se aqui por um horário maior na TV, alia-se acolá na esperança de um cargo ou de uma função pública, emenda-se também quando o bolso se enche ou recebe boas promessas. O que dizer de Canabrava, Cecé e Ronaldo João, agora juntos? (E em São Paulo, Lula abraçando Maluf?) Na política tem sido assim, “ontem nos batemos e hoje nos damos as mãos”, mas ATÉ QUANDO?

Até quando é uma pergunta essencial dentro disso tudo porque aquilo que não é formado com a comunhão de ideais, propostas e idéias (mas não era isso que deveria ser a política?) acaba minando com as briguinhas por cargos, por favores e tantos outros meandros. O ponto aqui e é onde quero chegar: POLÍTICA QUANDO VOLTADA SOMENTE PARA ANSEIOS PESSOAIS NÃO TRAZ RESPOSTAS A LONGO PRAZO. Os partidos vão esquecendo suas ideologias e se transformando apenas em grupos fisiológicos que hoje estão lutando juntos pautados por interesses escusos, mas amanhã não se sabe mais. Os partidos esqueceram da história que têm: aqueles herdeiros da ditadura, hoje abraçam os que um dia perseguiram; também se esqueceram do papel que possuem:  aqueles que defendiam a classe dos trabalhadores, hoje se aliam com os empresários. É lamentável. Esses projetos podem até dar certo no curto prazo: podem angariar votos e apoio político, mas no longo prazo eles não se sustentam. No longo prazo, virão mais 4 anos, mais uma década, mais um século e as mudanças estruturais que precisam ser feitas serão adiadas para as próximas eleições. Contudo, mais uma vez iludido sou eu aqui de pensar em longo prazo, né? Pra quê isso? Se vierem os votos, tudo se acerta! Porque o que interessa é só a próxima eleição.

Os populistas permanecem.
As coisas terminam como começaram.

Mais do mesmo...

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